quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Epidemia (2010)




   A Epidemia é o remake do clássico filme de zumbi “O Exército do Extermínio”, do mestre do genêro, George A. Romero. Quando pensamos em remakes de filmes de zumbi, a primeira palavra que vem a cabeça é “Bomba”, “Filme Ruim” etc. Porém, A Epidemia se sai muito bem, pois antes de ser um filme de zumbi (entre aspas, pois as pessoas não são mortos-vivos e sim contaminadas por um vírus que as torna violentas, uma espécie de super raiva), esse é um bom filme de terror e suspense, com cenas extremamente bem montadas e filmadas, que têm uma atmosfera interessante e que não é vista todo dia em Hollywood.

   O filme conta a história do xerife da cidade de Ogden Marsh, uma pequena comunidade agrícola no interior do estado do Iowa. De repente, as pessoas dessa comunidade começam a ficar “loucas” e violentas, sem motivo aparente. É aí que o exército dos EUA entra em cena para conter essa epidemia que está transformando as pessoas, separando as pessoas “contaminadas” das pessoas saudáveis.

   Romero foi um cara que fazia filmes que, antes de serem sobre zumbis, esses filmes eram críticas ao modo de vida americano, por exemplo o “Madrugada dos Mortos”, que era uma crítica ao consumismo desenfreado dos americanos. “O Exército do Extermínio” foi um filme sobre a consequência dos atos, de um modo que o que foi feito foi feito, e suas ações nunca irão embora, só que quando acontece com os seus inimigos não tem problema, mas quando acontece no seu quintal, você vê as atrocidades que estava fazendo. Nesse ponto, A Epidemia pode soar um pouco vazio, já que o filme não apresenta esse viés crítico que o original apresentava, no contexto da guerra fria. Mas esse fato não impede o filme de ser um bom filme.

   O diretor Breck Eisner, estabelece bem, logo no começo do filme a sensação de bucolismo da região onde o filme se passa. Estamos no interior dos EUA, no meio do nada. Os grandes campos de plantio dão espaço para a tragédia acontecer e assim aumentar ainda mais a tensão das cenas onde os personagens estão presos em locais fechados, como na ótima cena do Lava-rápido, que causa uma forte sensação de claustrofobia.

   Outro destaque é o roteiro bem estabelecido que cria personagens com os quais nos importamos, o que é essencial em um “survivor movie” como esse, onde temos que ficar preocupados se essas pessoas sairão vivas ou não.

   A Epidemia não vai servir muito para as pessoas que não gostam de um bom filme de terror, com cenas bem violentas, mas para os que gostam, o filme é um prato cheio. Esse é um daqueles poucos exemplos onde o remake funciona bem. Vale a pena conferir, já que é uma boa diversão.


7,5 / 10

domingo, 8 de agosto de 2010

A Origem

   


   Filme após filme, o diretor Christopher Nolan vem se consagrando um dos melhores diretores da atualidade. Ele conseguiu trazer peso e personalidade aos filmes de super herói com os seus filmes do Batman, além dos seus projetos pessoais, como Insônia e O Grande Truque, que não deixam de impressionar. O seu novo trabalho, A Origem, chega para bater de frente com o seu melhor trabalho, Batman – O Cavaleiro das Trevas, e, discutivelmente, pode até levar a melhor.

   O filme, escrito pelo próprio Nolan conta a história de Dom Cobb (Leonardo DiCaprio), uma espécie de espião que, junto com sua equipe, entra nos sonhos de seus alvos e aproveitam o estado vulnerável da mente da pessoa e roubam os segredos desse indivíduo. Após uma operação dar errado, Cobb é convidado a tentar um último golpe, mas diferente do habitual, ao invés de roubar uma ideia, ele terá de plantar uma. A história do filme se desenvolve a partir desse conceito, porém contar mais seria uma injustiça com quem ainda vai ver o filme.

   Muitos reclamaram da complexidade da trama e julgaram difícil o acompanhamento do filme, porém o que parece um bicho de sete cabeças na verdade não é tão complicado assim, porém o espectador tem que sempre manter a atenção no que está acontecendo na tela, se não acabará se perdendo feio.

   A direção precisa de Nolan está a toda em A Origem, desde a empolgante sequência inicial do filme, até o emocionante clímax, que devido às propriedades dos níveis de sonho, a montagem desse momento final chega a ser maravilhosa e extremamente bem feita. Apesar de sua longa metragem, o filme não fica cansativo, já que a todo o momento, pelo menos um pouco de ação está acontecendo. Ação muito bem filmada por sinal, já que Nolan não apela para o uso da “câmera Bourne”, onde as imagens são captadas com realismo quase documental e os cortes rápidos causam vertigem nas pessoas mais fracas, e filma tudo com fluidez e deixa o espectador entender o que está acontecendo. Outro fato que vale mencionar é a escolha do diretor pelo uso, sempre que possível, de efeitos práticos ao invés da computação gráfica. Esse detalhe, torna cenas como a do corredor do hotel ainda mais impressionantes do que vemos na tela, pois ficamos imaginando como que ele conseguiu fazer isso de verdade.

   O elenco está ótimo, encabeçado por DiCaprio, que tem mostrado um amadurecimento sem igual em Hollywood, onde emplaca boa atuação atrás de boa atuação, ainda presentes no filme estão Joseph Gordon Lewitt (de 500 dias com Ela), que vem melhorando a cada filme, Marion Cotillard (ganhadora do Oscar por Piaf) no papel da Femme Fatale , Ken Watanabe (de Cartas de Iwo Jima) com sua competência habitual, Cillian Murphy (de Batman Begins), entre outros.

   Os personagens coadjuvantes são bem desenvolvidos e trazem alguma importância à trama, porém devido a certas limitações do filme, esses personagens secundários não acabam emocionando o espectador, ao contrário de Cobb, onde todo o seu problema principal é a motivação que leva toda a história a acontecer.
Ainda no final, Nolan nos deixa com uma dúvida que vai fazer com que quase todo mundo saia da sala de cinema com uma coceira atrás da orelha e, esse segundo final da projeção, fará com que muitas pessoas voltem para assistir o filme mais uma vez e discutam sobre ele com muitas pessoas, já que A Origem consegue fazer o que um blockbuster normalmente não sabe fazer: botar o espectador para pensar.

Sim, esse é um filme inteligente!

   A Origem chegou ameaçando tirar o posto de melhor filme do ano, que estava sendo ocupado por Toy Story 3, e cumpriu sua promessa. Agora quero ver no ano que vem, negarem uma porrada de indicações ao Oscar para o filme do Christopher Nolan, como fizeram injustamente com o último filme do Batman. O filme tem uma ótima história, ótimos personagens, muito bem interpretados por todo o elenco, além de excepcionais cenas de ação. A Origem é um filme imperdível e confirma a posição de Christopher Nolan como meu diretor favorito da atualidade.

10/10