quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Vício Frenético

   


    Vício Frenético é o novo filme do cultuado diretor alemão Werner Herzog, diretor que é famoso por retratar homens obsessivos, em situações nas quais o ambiente acaba moldando o seu comportamento, para o bom ou para o pior, nesse caso o ambiente é a New Orleans pós-Katrina e a obsessão, o vício do tenente por drogas.

    O filme conta a história do tenente Terence McDonagh( interpretado por Nicolas Cage em uma ótima atuação), um policial que foi promovido ao posto de tenente após salvar um prisioneiro que iria morrer afogado durante o furacão Katrina, só que ao pular na água para salvar o tal prisioneiro, ele sofre um acidente que o deixará com dores nas costas para o resto de sua vida, o que fará com que o tenente desenvolva um vício por analgésicos e, depois, por todo e qualquer tipo de droga (segundo ele só toma o que é prescrito, exceto pela heroína). Durante o filme acompanhamos o tenente enquanto esse investiga um assassinato de uma família de imigrantes ilegais senegaleses, e ao mesmo tempo viajamos com o protagonista até o fundo do poço.

    Ao retratar esse espiral descendente do tenente, o diretor dá ao filme um tom quase cômico à desgraça da personagem, isso tudo pois em nenhum momento acreditamos que o problema enfrentado pelo tenente é gratuito, entendemos a situação que ele enfrenta e até simpatizamos com a personagem, pois como vemos no filme, ele não é uma má pessoa. Debaixo do oficial de policia viciado em drogas, está um ser humano que se preocupa com o seu pai alcoólatra e com a sua namorada prostituta. Esse desiquilibrio mental e emocional é extremamente bem retratado na, ótima, atuação de Nicolas Cage, mostrando que, apesar dos últimos filmes que vinha fazendo, ele ainda sabe atuar. O elenco ainda conta com outras celebridades que fazem papéis um pouco menores, como Val Kilmer como um companheiro policial de McDonagh e a presença de Eva Mendes, como a prostituta namorada do protagonista.

    Werner Herzog é um cara que sabe o que faz. O alemão abusa da câmera na mão e de sequências longas sem cortes para dar uma fluidez melhor à fita e, também, trazer à tona as habilidades dos atores, pois com menos cortes, os atores tem que trabalhar melhor durante cenas mais longas. Outro destaque para a direção são os enquadramentos utilizados pelo diretor, tanto nas cenas em que retrata o pico da viagem do tenente ao utilizar as suas drogas, onde ele utiliza de closes em iguanas e outras coisas para causar estranheza, quanto ao longo da fita, onde os enquadramentos nunca perdem a personagem principal de vista, nem que essa apareça no reflexo de um espelho no canto da tela.

    Apesar de o meio do filme perder um pouco de ritmo, Herzog se redime com um final que tem que ser visto como irônico aos padrões hollywoodianos, e se assim interpretado, o desefecho se torna ratificante. O final pode deixar alguns um pouco frustrados, mas se analisado com um pouco de profundidade, pode-se encontrar traços de genialidade do roteiro.

    Somente a ótima atuação de Cage ja valeria o ingresso para ver o filme, mas a espetacular direção de Herzog também vale destaque. No fundo, Vício Frenético não deixa de ser um filme de genêro policial; Mas faz um ótimo trabalho sendo um.


8 / 10

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

My Dinosaur Life


    


    Mark Hoppus e o Motion City Soundtrack dão uma de Coppola e mostram que, assim como O Pderoso Chefão pt. II foi melhor que o primeiro filme de trilogia, uma sequência pode ser melhor que o original.

     Um pouco menos de 3 anos após o lançamento de seu último álbum, Even If It Kills Me, o Motion City Soundtrack volta com o seu novo trabalho e o 1º lançamento em uma major label dos EUA, a Columbia. Esse novo trabalho, entitulado My Dinosaur Life, é o 2º disco da banda a ser produzido por Mark Hoppus, o baixista do blink-182.

    Quase sempre categorizada como uma banda de pop punk, o MCS em cada trabalho ficava tendendo para um lado do espectro mais do que do outro, por exemplo, o 1º disco I am The Movie tinha uma pegada bem punkzinha e o último trabalho deles, Even If It Kills Me era bem mais pop açucarado. Apesar de ser um lançamento de uma major, o Motion City Soundtrack levou o seu som de volta ao lado punk do espectro com esse novo trabalho, o que surpreendeu muita gente, pois todos imaginávamos que devido à influência da gravadora, a banda seguiria a linha do último trabalho, fazendo um som mais pop direcionado às massas.

     A cada trabalho da banda era visivel o progresso na qualidade das letras do MCS, não que elas ja foram ruins algum dia, mas é que ultimamente o vocalista e letrista Justin Pierre vinha aperfeiçoando a sua caneta e apresentando letras sensacionais, cheias de menções à cultura pop-nerd e muito inteligentes. Nesse trabalho o cara continua progredindo escrevendo letras incríveis, destaque para o refrão da música “Pulp Fiction” que é o perfeito exemplo das tiradas inteligentes do Justin:

Black and white and cheaply put together like a slasher film
Torn in opposite directions
The plot sucks but the killings are gorgeous
God damn, these killings are gorgeous
 

     Em relação ao instrumental da banda, podemos dizer que é uma progressão em relação ao último trabalho, já que como a banda voltou para a pegada mais punk estão presentes guitarras com mais peso e as músicas são mais velozes. Apesar do baterista ter tido problemas logo antes da gravação do disco, ele quebrou o braço e ficou um tempo parado, ele se saiu muito bem no álbum e continua mostrando suas habilidades em levadas criativas para as músicas.

     O álbum tem várias músicas que irão se tornar clássicas do MCS, o 1º single “Dissapear” que mostrou a volta da banda à pegada agressiva, a divertida ”@!#?@!” com sua ótima referência ao Ocarina Of Time e tema absurdo, além da já citada “Pulp Fiction” que apresenta uma das melhores letras que o vocalista ja escreveu. Vale ainda citar outros destaques do disco, como: “Stand Too Close”, “Skin and Bones” e a última faixa do disco “The Weakends”, que resume o trabalho apresentado, mesclando agressividade com melodias suaves e mais um exemplo de ótimas letras.

     Das 12 faixas do cd só teve uma que não me chamou a atenção e eu até costumo pular ela quando ouvindo o cd (“History Lesson”), porém essa música é a única coisa que consigo pensar que não me agradou no álbum.

      My Dinosaur Life é o que uma sequência deve ser, uma expansão das características que deram certo na 1ª vez e nesse quesito o Motion City fez um ótimo trabalho, achando um meio termo entre o som do Even If It Kills Me e o som da era Commit This To Memory/I Am The Movie. Com letras memoráveis e músicas  clássicas no estilo MCS, esse trabalho, com certeza está entre os melhores da banda.

9.5 / 10