Vício Frenético é o novo filme do cultuado diretor alemão Werner Herzog, diretor que é famoso por retratar homens obsessivos, em situações nas quais o ambiente acaba moldando o seu comportamento, para o bom ou para o pior, nesse caso o ambiente é a New Orleans pós-Katrina e a obsessão, o vício do tenente por drogas.
O filme conta a história do tenente Terence McDonagh( interpretado por Nicolas Cage em uma ótima atuação), um policial que foi promovido ao posto de tenente após salvar um prisioneiro que iria morrer afogado durante o furacão Katrina, só que ao pular na água para salvar o tal prisioneiro, ele sofre um acidente que o deixará com dores nas costas para o resto de sua vida, o que fará com que o tenente desenvolva um vício por analgésicos e, depois, por todo e qualquer tipo de droga (segundo ele só toma o que é prescrito, exceto pela heroína). Durante o filme acompanhamos o tenente enquanto esse investiga um assassinato de uma família de imigrantes ilegais senegaleses, e ao mesmo tempo viajamos com o protagonista até o fundo do poço.
Ao retratar esse espiral descendente do tenente, o diretor dá ao filme um tom quase cômico à desgraça da personagem, isso tudo pois em nenhum momento acreditamos que o problema enfrentado pelo tenente é gratuito, entendemos a situação que ele enfrenta e até simpatizamos com a personagem, pois como vemos no filme, ele não é uma má pessoa. Debaixo do oficial de policia viciado em drogas, está um ser humano que se preocupa com o seu pai alcoólatra e com a sua namorada prostituta. Esse desiquilibrio mental e emocional é extremamente bem retratado na, ótima, atuação de Nicolas Cage, mostrando que, apesar dos últimos filmes que vinha fazendo, ele ainda sabe atuar. O elenco ainda conta com outras celebridades que fazem papéis um pouco menores, como Val Kilmer como um companheiro policial de McDonagh e a presença de Eva Mendes, como a prostituta namorada do protagonista.
Werner Herzog é um cara que sabe o que faz. O alemão abusa da câmera na mão e de sequências longas sem cortes para dar uma fluidez melhor à fita e, também, trazer à tona as habilidades dos atores, pois com menos cortes, os atores tem que trabalhar melhor durante cenas mais longas. Outro destaque para a direção são os enquadramentos utilizados pelo diretor, tanto nas cenas em que retrata o pico da viagem do tenente ao utilizar as suas drogas, onde ele utiliza de closes em iguanas e outras coisas para causar estranheza, quanto ao longo da fita, onde os enquadramentos nunca perdem a personagem principal de vista, nem que essa apareça no reflexo de um espelho no canto da tela.
Apesar de o meio do filme perder um pouco de ritmo, Herzog se redime com um final que tem que ser visto como irônico aos padrões hollywoodianos, e se assim interpretado, o desefecho se torna ratificante. O final pode deixar alguns um pouco frustrados, mas se analisado com um pouco de profundidade, pode-se encontrar traços de genialidade do roteiro.
Somente a ótima atuação de Cage ja valeria o ingresso para ver o filme, mas a espetacular direção de Herzog também vale destaque. No fundo, Vício Frenético não deixa de ser um filme de genêro policial; Mas faz um ótimo trabalho sendo um.
8 / 10
Nenhum comentário:
Postar um comentário